DA CLONAGEM A CLONAGEM TERAPÊUTICA -
ASPECTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS E AS DISCUSSÕES LEVANTADAS PELA SOCIEDADE SOBRE A
MATÉRIA
Juliana
Rui F. dos Reis Gonçalves
RESUMO
O objetivo do trabalho desenvolvido é promover uma
discussão acerca da clonagem e, mais especificamente da clonagem terapêutica,
localizando primeiramente aquela dentro de seus aspectos conceituais e
técnicos, demonstrando sinteticamente desde as descobertas iniciais até os dias
atuais as formas de sua realização, chegando finalmente à clonagem terapêutica,
a qual tem sido tema de vários debates nos meios sociais e científicos acerca
de sua possibilidade e eticidade. Demonstrando as possibilidades e formas de se
realizar a clonagem terapêutica passar-se-á a casos reais práticos, novas descobertas
dos cientistas sobre este tipo de clonagem e as possíveis melhorias que eles
causariam a sociedade como um todo. Sem querer se aprofundar, o presente estudo
tem apenas o condão de apresentar o assunto de forma sucinta, levantando as
questões que vem surgindo acerca da matéria com as evoluções que a ciência vem
sofrendo, sem, no entanto, buscar respondê-las, ressaltando-se apenas as
necessidades de se continuar levando a discussão essa matéria, já que somente
após esta ser realizada pelos vários segmentos envolvidos, poderemos chegar as
conclusões necessárias acerca do tema com vistas à regulamentação.
Palavras chaves: Clonagem - implicações biológicas -
clonagem terapêutica - células-tronco - possibilidades de aplicação prática -
necessidade de discussão.
SUMÁRIO
1 - Introdução; 2 - Clonagem: conceito
e implicações biológicas; 3 - Do início da Clonagem até os dias atuais - as
formas de realização; 4 - Clonagem terapêutica e as células-tronco; 5 - Casos
práticos acerca da Clonagem; 6 - Considerações finais; 7- Referências.
1
Introdução
Desde
que se iniciaram as discussões acerca da clonagem, nos deparamos com as mais
diversas situações tendo em vista que essa abrange várias possibilidades, mas,
no entanto, o que inicialmente nos vem à mente são pessoas iguais em seus
aspectos físicos, já que a clonagem, de forma simplista, nada mais é do que se
fazer à cópia de algo a partir de uma matriz. Lembramo-nos, ainda, da ovelha
Dolly, primeiro clone que efetivamente conseguiu obter êxito e nos apavoramos
com a ideia do que se pode fazer com essa técnica em relação a situações como,
por exemplo, a eugenia (ideal de raça pura tão idealizado na época do nazismo)
e da real possibilidade de se criar alguém a partir de outro indivíduo sendo
uma cópia deste.
Estas
idéias, as quais até alguns anos atrás pareciam somente existir na ficção
científica dos filmes americanos, hoje são totalmente possíveis e, a cada dia,
tornam-se mais fáceis e, em alguns aspectos mais aceitáveis e com menores
custos, o que aumenta em muito a possibilidade de se tornarem realidade como
situação normal e palpável a todos dentro de algum tempo. Mas o que isso teria
de interessante? No tocante a simplesmente fazer uma cópia de alguém,
independentemente dos motivos para tal realização, tem-se entendimento no
sentido de não ser essa uma situação que seja confortável ou benéfica à
sociedade como um todo, mas no tocante aos outros aspectos que com a clonagem
se possa alcançar, como a cura de doenças, a facilitação dos transplantes de
órgãos, a criação de animais com características peculiares que auxiliem os
seres humanos em suas necessidades especiais entre outros tantos existentes e
que estão por vir, cabe a sociedade em geral e, em especial a comunidade
científica e jurídica discutir quais são os reais avanços e benefícios que essa
biotecnologia trará e quais os mecanismos necessários que deverão ser criados
ou modificados a fim de se estabelecer quais as metas a serem atingidas com
essa descoberta, sempre em concordância com os princípios elencados na
Constituição Federal de 1988.
2
Clonagem: conceito e implicações biológicas
De
origem grega, a palavra clone deriva do grego klón, klonós que é o mesmo que broto, rebento, pequeno ramo, mas
cientificamente este termo tem o sentido de cópia, geneticamente idêntica de um
ser a partir de outro. Clonar alguém, portanto, significa fazer uma cópia
exata, idêntica de outro indivíduo, mediante a reprodução do seu genoma contido
dentro do núcleo da célula. Aquele (genoma), na forma reprodutiva normal ou
sexuada, se forma com a junção do espermatozóide com o óvulo, ou seja, quando
os genes contidos nas células germinativas do homem (espermatozóide) se unem
aos genes das células germinativas da mulher (óvulo), contendo cada uma a
metade da “receita”[1] as quais
se fundem formando assim um genoma inédito que conterá todas as instruções para
determinar como será o novo indivíduo criado. Em seres humanos, o genoma chega
a ter aproximadamente 30 mil genes os quais determinarão desde a cor dos
cabelos e olhos até o tamanho de órgãos. Os genes são compostos pelo DNA que
possui quatro letras A, C, G e T, sendo que cada instrução dele é um conjunto
de milhares dessas letras, que vem parte da mãe (óvulo) e parte do pai
(espermatozóide), criando um indivíduo único, diferente de todos os outros, o
que é contrário à clonagem que gera uma cópia idêntica de sua matriz.
Da
primeira célula até se chegar a um ser humano há várias divisões celulares,
dividindo-se primeiramente em duas, que novamente se dividem em mais duas até
se fazer um amontoado de células, trilhões delas, que conterão em seu núcleo o
genoma completo do indivíduo, bastando o conteúdo de uma destas para fazer o
clone. Mas as células do corpo não são todas idênticas a original, posto que na
multiplicação vão se diferenciando para chegar a sua forma e função (200 tipos
diferentes no organismo humano), e isso se dá pela diferenciação, que no início
divide as células do embrião em três grupos, que a cada divisão vão se
especializando cada vez mais formando uma parte do indivíduo. Isso tudo é muito
organizado e é regido pelo genoma que faz com que, apesar de a célula ter em si
o genoma completo, só parte dele trabalhe para desenvolver certa parte
específica do ser humano.[2]
No
clone, isso não ocorre da mesma forma, posto que este se forma por
multiplicação assexuada, o que quer dizer que não há a junção de células
germinativas, ocorrendo aquela através da cópia do genoma de células somáticas
que originará um indivíduo idêntico ao que cedeu o genoma.[3]
3 - Do início da Clonagem até os dias atuais - as formas de
realização;
A ideia
de clonagem data do final do século XIX, quando se demonstrou que todas as
células de um ser vivo contêm seus genomas completos, iniciando-se no século
XX, técnicas para cultivar células de animais em laboratório. Apesar
de parecer simples à idéia de clonagem (apenas retirar o genoma e
reproduzi-lo), isto não é assim, posto que para uma célula qualquer dar origem
a um organismo aquela primeira célula que originou o indivíduo deverá se
dividir e diferenciar organizadamente a partir de algo inicialmente
despreparado para essa tarefa, o que é fácil ser feito em plantas, mas difícil
no tocante a animais.
Inicialmente
imaginou-se retirar o núcleo de um óvulo fecundado e substituí-lo pelo núcleo
de uma célula qualquer do indivíduo a ser clonado, contendo seu genoma
completo, e buscava-se com isso que o núcleo desse óvulo passasse a agir como
de um óvulo fecundado. Dessa forma, durante o desenvolvimento do embrião o
genoma contido no núcleo transferido seria seguido, gerando um ser
geneticamente idêntico àquele do qual foi retirada a célula. Isso inicialmente
foi realizado com sapos na década de 1950, que no começo não passaram de
girinos, mas na década de 1960 conseguiu-se clonar sapos que chegaram à fase
adulta.
Depois
se criou à forma de clonagem a partir da bipartição de embriões, que se faz em
um microscópio aonde um embrião de oito células é mecanicamente dividido ao
meio por uma lamina finíssima, sendo posteriormente cada uma dos meio embriões
transferidos cada um para uma barriga de aluguel, podendo ser feito mais uma
vez essa divisão em cada meio embrião para transferir depois. Dessa forma, a
partir de um óvulo e um espermatozóide podem ser gerados até quatro indivíduos
idênticos. Essa é a sistemática da natureza quando nascem gêmeos univitelinos,
só que nesse tipo de clonagem não se sabe quais as características que o animal
adulto desenvolverá e, por isso não é o método de clonagem que se estava
buscando.
Em 1997
o cientista Ian Wilmut anunciou a geração do primeiro animal clonado a partir
de células de um animal adulto, a ovelha Dolly, sendo gerada pelo método de
transferência nuclear, mas com pequenas modificações que fizera o experimento
funcionar em animais.
Isso foi realizado através da célula da mama de uma ovelha de
seis anos que foi fundida a um óvulo de outra ovelha, cujo núcleo, contendo seu
genoma, havia sido eliminado tendo sido utilizado um choque elétrico para
fundir aquela célula ao óvulo vazio, simulando a fecundação e induzindo esse
óvulo a iniciar o desenvolvimento por divisão. Posteriormente essa célula foi
colocada em uma barriga de aluguel que deu a luz a Dolly, ser geneticamente
idêntico àquela ovelha que doou a célula da mama. Antes ainda de ser
introduzida na barriga de aluguel, a célula da mama clonada sofreu um
tratamento que fez com que fossem reduzidas as reações químicas ocorridas
dentro das células, ficando parecido com o metabolismo da primeira célula
resultante da união do óvulo com o espermatozóide, reproduzindo-se mais
fielmente as condições naturais pós-fertilização. Mas para realizar Dolly foram feitas mais de
quatrocentas transferências nucleares e, destas, apenas 29 embriões sobreviveram
e foram transferidos para barriga de aluguel, sendo que destes todos apenas
Dolly nasceu.
Após,
foi realizado na ovelha Dolly um teste de paternidade a fim de se comprovar sua
identidade, sendo ela seguida pela clonagem de camundongos em 1998, a qual é muito
importante frente à rapidez com que eles se desenvolvem e o baixo custo de sua
manutenção, a fim de se analisar os resultados da clonagem. Nos camundongos,
apenas o núcleo da célula foi fundido num óvulo vazio, a partir da célula do
cúmulus que envolvem os óvulos quando estes são liberados dos ovários.
Posteriormente aos camundongos, cientistas japoneses apresentaram oito bezerros
geneticamente idênticos, clonados a partir de células do cúmulos de vacas.
Desde então, já foram gerados clones de cabras, porcos e macacos. Só que ainda
assim para gerar um único clone são necessárias diversas tentativas que se
mostram, quase que na totalidade, infrutíferas, o que torna a clonagem
financeiramente inviável.[4]
Há
ainda a situação dos clones transgênicos, que seriam criados com determinadas
funções a partir da introdução de outro gene dentro da cadeia do genoma do
animal clonado, o que faria com que esse animal tivesse uma certa
potencialidade no seu organismo (ex: vaca que produziria leite com insulina).
Foi então criada pelo mesmo laboratório da Dolly, a ovelha Polly[5]
que por ser geneticamente modificada produz em seu leite a substância IX de
coagulação que é vital para indivíduos com hemofilia. Hoje se busca muito a
clonagem transgênica em porcos a fim de se conseguir que estes possam ser
usados para transplante de órgãos para seres humanos.[6]
E, por
fim, há grande preocupação com a clonagem para reposição de animais em extinção
ou extintos, com o qual se busca proteger o meio ambiente.[7]
4 - Clonagem terapêutica e as células-tronco
Embora de extrema importância para a ciência e a
sociedade em geral, a clonagem de animais não traz grandes problemas, a não ser
pelas possibilidades que ela abre acerca de outro ser, ou seja, a maior
preocupação que existe acerca da clonagem é no tocante a seres humanos[8],
sendo a maioria dos pesquisadores aparentemente, por enquanto, contrários a
esse tipo de clonagem realizada de forma reprodutiva, o que não irá se abordar,
mas a favor daquela que se chama de “Clonagem Terapêutica". Mas o que vem
a ser esse tipo de clonagem?
A Clonagem Terapêutica vem a ser a clonagem realizada a
fim da busca da cura de doenças até hoje impossíveis ou de extrema dificuldade
de cura como as doenças degenerativas, ou a leucemia, ou várias outras doenças
que tem levado a óbito inúmeras pessoas ou permitido a continuidade da vida sem
que esta possa ser vivida na sua forma mais plena, ou seja, com uma qualidade
satisfatória e preterida a qualquer ser humano.
A ideia de clonagem para fins terapêuticos como meio de
cura para as mais diferentes doenças tem atraído tanto a comunidade científica,
quanto diversos segmentos da sociedade a qual tem se manifestado na forma de
associações criadas a fim de lutar pela liberação das pesquisas com as
células-tronco e, as estes todos também o evento Dolly teve grande significado,
posto que através dela e da clonagem de outros animais poderá se estudar o
processo de diferenciação celular, ou seja, o que leva as células com o mesmo
material genético a decidir algumas a virar tecido muscular, outras, tecido
nervoso etc. Portando, se os cientistas conseguirem entender e dominar esse
processo de diferenciação das células, fazendo essa reprogramação da identidade
celular, poderão conseguir regenerar órgãos e tecidos humanos danificados,
descobrindo assim, a cura de muitas patologias.
Acerca mais especificamente das células-tronco, estas têm
uma capacidade de se dividir em células idênticas a ela ou em diferentes tipos
de células, sendo que, por isso, a primeira célula do embrião é vista como uma
supercélula-tronco que dará formação a todas as outras células. Dentro das
células-tronco, uma classe considerada especial é a das células-tronco
embrionárias, isoladas inicialmente em camundongos na década de 1980. Elas são
derivadas de um embrião nos estágios iniciais do desenvolvimento, antes de ser
implantado no útero materno, quando ele é ainda apenas um conglomerado de
aproximadamente 200 células chamados de blastocisto, o qual se dividem em dois
grupos que dão origem a placenta e ao embrião que se desenvolverá e formará
todos os outros tipos de células. O interesse nelas surgiu porque com a
manipulação dessas células em laboratório, elas podem ser multiplicadas sem
perder sua capacidade de se diferenciar em qualquer tipo de célula, podendo até
mesmo ser alterado o meio de cultivo dessa célula de forma que elas comecem a
se diferenciar mais especificamente, iniciando o processo de desenvolvimento de
certas partes do corpo humano em laboratório (ex: se tratamos as CTs
embrionárias com ácido retinóico, temos a formação de neurônios). Através da
pesquisa realizada nestas, poderia se conseguir a cura de diversas doenças,
mediante o transplante da parte deficitária do indivíduo e a colocação de
células-tronco embrionárias modificadas no local danificado. Só que mesmo isto
teria problemas no tocante a rejeição que poderia haver por parte do organismo
do indivíduo transplantado, o que poderia ser evitado se clonássemos uma célula
do indivíduo a sofrer o transplante e essa fosse induzida em laboratório a se
diferenciar em um tipo celular correspondente a necessidade do paciente.[9]
Segundo Suzana Valéria Galhera Gonçalves, “a
célula-tronco é uma célula ‘sem personalidade’, que adota a personalidade da
célula onde ela for alojada. Por exemplo, se colocada uma célula-tronco,
próxima de neurônios, estas se converterão em neurônios, e assim por diante”.[10]
Acerca da matéria, Tereza R. Vieira assevera que
“A clonagem terapêutica visa a obtenção de célula-tronco,
retirada de sangue fetal ou de células de paciente adulto, para tratamento de
doenças (mal de Parkinson, diabetes, cirrose, mal de Chagas etc.), mediante a
produção de tecidos e músculos. É admitida em alguns países como: Inglaterra,
Israel e China”.[11]
A
polêmica gerada em relação à terapia com células-tronco embrionárias é a de que
para se extraí-la do embrião, esse terá que ser destruído, o que causa
contrariedade naqueles que entendem que um ser é vivo desde a concepção, seja in vitro, proveta ou normal a forma de
concebê-lo.[12] Para os
que defendem essa técnica, as melhorias na qualidade de vida da humanidade em
geral seriam tantas que valeria a pena a continuidade das pesquisas[13]
e, também, entendem eles que nesta fase o embrião nada mais é que um
conglomerado amorfo de células para no qual ainda não se entende que exista
realmente vida, pois esta só começaria quando implantado no útero materno.
Mas as
células-tronco não existem apenas nos embriões, mas em diversos tecidos do
corpo humano e são chamadas de CT adultas, sendo as mais conhecidas as CTs
hematopoiéticas contidas na medula óssea e no sangue do cordão umbilical e
placenta dos recém nascidos, os quais dão origem a todos os tipos de células do
sangue. As células-tronco hematopoiéticas contidas no sangue do cordão
umbilical de recém nascidos, por serem células imaturas, são as CTs que causam
menos reação imunológica apresentando menor risco de rejeição nos transplantes,
podendo até mesmo ser retirado e congelado a fim de ser estocado em bancos de
sangue de cordão umbilical que servirão como fonte de doação para transplantes
de medula óssea. Descobriu-se que essas células são reprogramáveis, podendo se
regenerar em diferentes tecidos (ex: já existem diversos testes clínicos em
seres humanos de terapias reparadoras de enfarto utilizando-se CTs de
diferentes tecidos, sendo que os primeiros resultados obtidos mostram que essas
células são capazes de se diferenciar em células do músculo cardíaco,
regenerando parcialmente esse músculo em um coração enfartado). Ocorre que as
CTs adultas não são tão facilmente encontradas como as embrionárias
(acredita-se que uma em cada um milhão de células da medula óssea tenha de fato
um grande potencial de diferenciação em diversos tipos celulares) e, ainda, as
embrionárias podem se transformar em qualquer célula enquanto que as adultas
perdem a capacidade de se dividir e de se diferenciar, não havendo nem mesmo
certeza se poderá se transformar em vários tipos de célula, o que pode acabar
limitando o seu uso como fonte de tecido para transplante.[14]
De forma simplificada, as técnicas de clonagem
reprodutiva[15] poderão
ser resumidas nas seguintes opções:
a)
Bipartição
de embriões ou fissão gamelar – esta se faz através da imitação de um processo
natural de clonação espontâneo, a qual dá origem aos gêmeos univitelinos e se
faz quando um embrião de poucas células se divide dando origem a dois zigotos
dos quais surgirão dois indivíduos idênticos, sendo que este tipo de clonagem
poderá ser realizada em laboratório através da fertilização in vitro, mediante a separação forçada
pelo geneticista das duas células embrionárias iniciais (blástula). Esta
técnica foi realizada várias vezes com animais, sendo noticiada sua realização
em humanos no Congresso da Sociedade Americana de Fertilização realizada em
Montreal, tendo como precursor Martine Nijs, o qual buscava uma terapia para
aumentar a eficiência da fertilização e acabou gerando gêmeos que foram
destruídos na fase de formação de 32 células;
b) Partenogênese
induzida – a qual consiste em colocar o núcleo de uma espermatogônia (célula
precursora do espermatozóide que contém 23 cromossomos) a qual é detentora de
46 cromossomos, dentro de um óvulo humano desnucleado, sendo esta técnica a
partenogênese em sentido amplo, posto que em sentido estrito ocorre quando um
óvulo é estimulado por meios químicos ou físicos para gerar um indivíduo sem a
fecundação de um gameta masculino gerando uma descendência idêntica à doadora
do óvulo e, em regra, feminina, posto que não há um contato com o gameta que
poderia gerar descendência de outro sexo. Esta última é comum em animais
invertebrados;
c) Transferência
de Núcleo – a partir de uma célula ovo ou zigoto, faria-se a substituição de
seu núcleo pelo de uma célula somática tirada de um embrião, o que geraria um
indivíduo com caracteres genotípicos daquele que doou o núcleo ou, ainda,
mediante a inserção em um óvulo não fecundado, como ocorreu na realização da
Dolly, gerando, então, a extração do núcleo de uma célula com a implantação no
óvulo previamente enucleado, um indivíduo geneticamente idêntico ao doador do
núcleo celular.
A professora Maria Helena Diniz[16]
assevera acerca deste último tipo de clonagem:
“A clonação humana por transferência
de núcleos ou para produção de células de reserva constitui uma grave violação
ao princípio de que o homem deve ser considerado como um fim em si mesmo, e não
como um meio, ao seu direito de não ser programado geneticamente, pois a
ativação do ADN da célula somática a ser transferida ao óvulo enucleado é
precedida de manipulação, e ao de ser geneticamente único e irrepetível. Além
disso, suas conseqüências são imprevisíveis e poderão manifestar-se muitos anos
depois do nascimento do clone, trazendo, ainda, o desconhecimento da idade
genética real da pessoa obtida por transferência de núcleos; poderão surgir
problemas, entre outros, de envelhecimento genético devido à acumulação de
mutações no ADN, produzidas pela manipulação.
Convém
lembrar aqui, antes do prosseguirmos em nossas reflexões, que a OMS considera o
uso da clonagem para a replicação de pessoa eticamente inaceitável, por
constituir violação a alguns princípios norteadores da reprodução assistida,
como o do respeito à dignidade humana, em termos de identidade genética. Até
mesmo a criação de vida humana, ou de clones humanos, com o único propósito de
preparar material terapêutico violaria claramente a dignidade da vida
produzida, pois o princípio apontado por Immanuel Kant – o da dignidade humana
– requer que uma pessoa jamais deva ser pensada como meio e sim somente como
fim”.
Entende-se,
portanto, que infindáveis são as descobertas e as conclusões que os
pesquisadores poderão ainda chegar acerca da clonagem terapêutica, já que, como
se sabe, esta é passível de ocorrer tanto a partir das células-tronco
encontrada nos embriões como a partir daquelas encontradas em indivíduos
adultos.
5 - Casos práticos acerca da Clonagem
Acerca das descobertas, na data de 12 de fevereiro de 2004, cientistas
da Coréia do Sul anunciaram ter conseguido clonar trinta embriões humanos para
obtenção de células-tronco, as quais, eles esperam, possam um dia serem
utilizadas para tratar doenças.
A
notícia foi assim colocada no site da BBC Brasil [17]:
“O cientista Woo Suk Hwang e seus
colegas da Universidade Nacional de Seul combinaram material genético de
células normais de doadoras com seus óvulos. Os embriões resultantes cresceram
para produzir as chamadas células-tronco, que podem se transformar em qualquer
tipo de tecido do corpo humano.
O objetivo é usar as células para substituir aquelas que
falharam em pacientes com doenças como o mal de Alzheimer.
É a primeira vez que um grupo de pesquisadores revelou
ter produzido tantos clones em estágio inicial ou comunicou ter conseguido
progresso até estágio tão avançado. Outros cientistas alegaram anteriormente
ter clonado embriões humanos para estudar as chamadas células-tronco, mas a maior
parte destes estudos foi contestada.
Genoma
‘Como essas células carregam o genoma nuclear do
indivíduo, depois da diferenciação é de se esperar que elas possam ser
transplantadas sem rejeição para tratamento de doenças degenerativas’, disse o
professor Hwang.
‘Nossa experiência abre a porta para o uso dessas células
desenvolvidas na medicina de transplante’. (...)
O trabalho dos cientistas sul-coreanos foi submetido a
rigoroso exame por cientistas independentes antes de ser publicado no jornal.
‘Esses são os embriões clonados mais avançados que já foram produzidos’, disse
o professor Hwang à BBC.
A equipe diz ter buscado aprovação para seu trabalho da
diretoria de ética e ter obtido uma permissão das doadoras antes de seguir com
sua pesquisa.
Processo
A equipe contou ao Science Express como utilizou 242 óvulos
de 16 mulheres em sua experiência.
Em cada caso, o material foi
transferido do núcleo de uma célula não-reprodutiva (somática), contendo o
código genético da mulher, para um óvulo sem núcleo da mesma doadora.
No total, 30 embriões – cópias
genéticas exatas das doadoras – foram, então, colocados em cultura até o
estágio de blástula, no qual podem ser extraídas células-tronco.
Essas células especiais se dividem em
três dos principais tecidos encontrados no corpo humano, segundo o estudo.
As células foram transplantadas em
camundongos para constatar se poderiam se desenvolver em tipos de células ainda
específicos, oferecendo provas adicionais de suas ‘pluripotência’.
A intenção declarada da pesquisa é
estudar células-tronco de embriões humanos para ver como elas podem ser usadas
como instrumento terapêutico para tratar doenças como diabete, osteoartrite,
mal de Parkinson, entre outras. Em todas essas doenças, os tecidos do corpo
humano começaram a falhar.
Ética
‘O potencial para as células-tronco é
enorme, mas os pesquisadores ainda precisam superar obstáculos científicos
significativos’, disse Donald Kennedy, editor-chefe do jornal Science.
‘Esses resultados parecem promissores. Mas é
importante lembrar que o transplante de célula e tecido e a terapia genética
ainda são tecnologias em desenvolvimento, e pode se levar anos até que
células-tronco de embriões possam ser usadas na medicina de transplantes’.
Ao se referir às preocupações éticas,
Kennedy fez um apelo pela proibição mundial do uso dessa tecnologia para criar
crianças.
O professor Hwang, que desenvolveu sua
técnica na clonagem de animais, disse que qualquer tentativa de produzir um
bebê seria ‘maluca’. ‘Nunca tentaremos produzir seres humanos clonados’, disse.
‘No processo de clonagem de animais,
passamos por tantas dificuldades e perigos com deformidades, especialmente de
órgãos internos’.
Segundo Roger Pedersen, professor de
medicina regenerativa da Universidade de Cambridge, ‘a pesquisa avançou substancialmente
no processo de geração de tecidos transplantáveis que têm a combinação perfeita
com o sistema imunológico do paciente’.
‘Os resultados encontrados por esses
pesquisadores também tornam possível aprender como reprogramar o genoma humano
até o estágio embrionário’, disse.
‘Isso provavelmente vai acelerar o
desenvolvimento de alternativas de reprogramação de células humanas, o que
poderia, no futuro, diminuir a necessidade de usar óvulos humanos para esse
fim’”.
Além
da novidade acima descrita, cientistas de Tóquio informaram também naquela data
a possibilidade do uso das células-tronco com partículas de gordura para fazer
uma prótese de seios natural, para aquelas mulheres que perderam seu seio por
causa de uma mastectomia necessária, em vários casos, quando há um câncer de
mama, a qual tem grandes possibilidades de maior aceitação pelo organismo do
que as próteses de silicone que hoje são utilizadas as quais tem que ser
removidas de tempos em
tempos. Estes cientistas utilizaram nessa experiência as
células-tronco encontradas na medula óssea e em outras partes do organismo
humano e crêem que com estas, misturadas a gordura da própria pessoa
transplantada, poderá se criar uma prótese natural a qual se adaptará ao
organismo naturalmente, posto que as células-tronco transplantadas provocariam
o surgimento de novos vasos sanguíneos para alimentação dos tecidos, produzindo
novas células de gordura, o que resultaria em grandes possibilidades de
aceitação pelo organismo da transplantada, sem maiores riscos para sua saúde.
Os cientistas japoneses afirmaram já ter realizado uma cirurgia-teste no mês de
janeiro de 2004, e esperam realizar outras em breve a fim de testar a nova
biotecnologia.[18]
6 - Considerações finais
Verifica-se então que a terapia com as células-tronco já é uma realidade paupável que muito
ainda terá que evoluir para se chegar cada dia mais a resultados promissores e
seguros, mas que existe e faz parte do dia a dia da sociedade, posto que todos
conhecemos alguém ou participamos daqueles que poderão se beneficiar com esta
terapia, mas, e em ciência sempre encontramos um mas, porque nela, já diziam os
filósofos, nada é tão certo ou tão verdadeiro que possa ser afirmado com
certeza absoluta, ainda há muito a ser discutido e pensado, posto que muitas
são as questões que necessitam de amadurecimento e de maiores pesquisas antes
de ser colocado como benéfico ou necessário a humanidade.
Como fora dito, apesar dos inúmeros benefícios
que a clonagem terapêutica poderia trazer a toda a coletividade, esta traz
alguns aspectos os quais deverão ser discutidos tanto por pesquisadores como
por juristas, ante o fato de que envolvem situações que ainda não foram
suficientemente debatidas a fim de se chegar a um consenso que possam dar as
diretrizes aos legisladores no momento de tratar acerca da matéria. Nem os
cientistas-médicos, nem os cientistas do direito puderam analisar todos os
nuances de que tratam o tema tão polêmico, já que este está inserido dentro
daquilo que é mais caro ao ser humano, ou seja, a vida, especialmente quando esta
é vista sob o enfoque da sadia qualidade que a Constituição e diversos
segmentos internacionais asseguram a todos. Difícil saber o que é mais caro,
posto que a vida é o nosso bem mais importante, mais hoje não se pode mais
conceber que esta seja vivida sem ser com qualidade, da forma que melhor isso
puder ser apresentado e na sua capacidade plena, assim como nos é assegurado já
que a todos se resguardam a vida e a dignidade como princípios norteadores de
todo o regimento social.
Isto posto, entende-se necessário tanto o debate por toda a sociedade, como aquele
mais em nível científico das tantas áreas envolvidas, a fim de se buscar as
soluções necessárias as polêmicas surgidas, já que só assim poder-se-á avançar
com a segurança de se estar fazendo o que é mais correto e ético acerca da
clonagem terapêutica e quaisquer outras situações que ao Biodireito possam
interessar.
7- Referências.
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Clonagem e o futuro das famílias: tradução Dinah de Abreu Azevedo. São Paulo:
Mercuryo, 2001.
[1] Na descrição da parte biológica do
paper, tendo em vista não termos conhecimento técnico que possibilite uma
descrição dos conceitos utilizados, usamos como base central de nosso texto a
obra da Prof. Lygia da Universidade de São Paulo:
PEREIRA, Lygia da Veiga Pereira. Clonagem, fatos e mitos. 1. ed. São Paulo: Ed. Moderna, 2002.
Refere-se na obra citada a palavra “receita” como sinônimo de um genoma
completo.
[2] SILVER, Lee M. De volta ao Éden – Engenharia Genética, Clonagem e o futuro das
famílias: tradução Dinah de Abreu Azevedo, São Paulo: Mercuryo, 2001. 61-63 p.
coloca acerca da divisão celular de forma mais específica: “No começo do
segundo dia depois da fusão do óvulo e do espermatozóide, o embrião tem duas
células. Cada uma dessas células se divide para produzir quatro e cada uma
dessas se divide novamente para produzir um total de oito células, lá pela
metade do terceiro dia. Embora o embrião tenha aumentado o número de suas
células, ele não fez muito mais do que isso. Cada uma de suas oito células,
quando separadas das outras, ainda tem o potencial de se tornar um embrião por
si mesma e de formar uma vida humana separada. Com outra rodada de divisões
celulares, produzindo dezesseis células no total, está iniciando o primeiro
passo para fora da uniformidade. O embrião ainda se parece com uma bola, ou
melhor, com uma amora microscópica. Mas as células do lado de fora são capazes
de sentir sua posição em relação às células do lado de dentro e, em resposta,
elas se diferenciam em células que
eventualmente se tornarão a placenta e outros tecidos que funcionam para
proteger o feto em
crescimento. Quando os biólogos usam a palavra diferenciar, eles querem dizer tornar-se diferente. Quando uma célula
se diferencia, ela se torna diferente da célula-mãe que lhe deu origem.
Normalmente, a diferenciação causa uma redução no potencial de uma célula. Por
exemplo: as células orientadas para a placenta, que se formaram como a camada
externa do embrião de dezesseis células, só tem o potencial de produzir outras
células que se tornarão parte da placenta ou de outros tecidos localizados
entre a mulher e seu feto. Estas células perderam
o potencial de se transformarem em coração, em pulmão ou em qualquer outro
tecido do feto em
desenvolvimento. Depois que uma célula se diferencia, todas
as células que descendem dela, assim como as descendentes de suas descendentes,
também se manterão diferenciadas. Mas essas células ainda podem passar por
outras diferenciações, com outras reduções em potencial. Por
exemplo: na altura de quatro semanas de idade, um embrião contém células
diferenciadas que têm o potencial de produzir apenas células sanguíneas. Com
divisões celulares posteriores e diferenciação posterior, aparecem células que
têm o potencial de produzir apenas glóbulos brancos ou glóbulos vermelhos, mas
não ambos. São necessárias outras rodadas de diferenciação para converter os
glóbulos brancos progenitores num tipo específico de glóbulo branco que segrega
anticorpos ou outro tipo que engole bactérias invasoras. Neste ponto, depois de
dezenas de rodadas de divisão celular, é atingido um estado de diferenciação terminal. Diferenciação e
desenvolvimento andam juntos.O desenvolvimento de um organismo como um todo
ocorre através da diferenciação de células individuais dentro dele. Células
terminalmente diferenciadas podem expressar funções extremamente
especializadas, como aquelas descritas acima para glóbulos brancos ou outras,
como para produção dos pêlos corporais ou de unhas. A maior parte das células
de nosso corpo é terminalmente diferenciada, inclusive todos os componentes
microscópicos de órgãos complexos como os pulmões, o coração, os rins ou o
cérebro. Mas sempre existirão algumas células, mesmo num adulto maduro, que
ficam num estágio anterior de diferenciação. Essas células são chamadas de
células-mãe. Elas continuam se dividindo para produzir, por exemplo, uma nova
fonte de células de pele, de sangue ou de outros tipos especiais de células que
devem ser regeneradas constantemente para você continuar vivo. Os biólogos
moleculares têm agora uma compreensão sofisticada do que acontece dentro de uma
célula quando ela se diferencia. Na realidade, a coisa mais importante é a que
não acontece – uma célula diferenciada não perde nenhuma informação genética.
Toda célula somática de seu corpo tem um conjunto completo de quarenta e seis
cromossomos com todo o DNA que estava presente nos núcleos do embrião bicelular
do qual você surgiu. Ora, se todas as células tem a mesma informação genética,
por que elas não se parecem umas com as outras e não agem da mesma forma? A
resposta é que cada célula é programada para usar apenas uma pequena parte da
informação total para continuar viva e desempenhar as tarefas para as quais ela
foi especialmente projetada através da evolução. As células que parecem
diferentes umas das outras e se comportam de forma diferente umas das outras –
como resultado da diferenciação – foram programadas para usar partes diferentes
da mesma informação genética total. E, a cada passo da diferenciação, o
programa da célula muda pelo menos um pouco”.
[3] DÍAZ-FLORES, Mercedes Alberruche. La
Clonación y
Selección de Sexo – Derecho Genético?. Madrid:Centro Universitário Ramon
Carande – Dykinson, 1998. 19 p. coloca acerca da clonagem: “Tal vez debamos comenzar por la etimologia
del término clonación para acercarnos al sentido actual. Derivado del griego
“KLON”, esqueje, es decir, la reproducción asexual de espécies que se
reproducen por unión de células germinales de amvos sexos. Hoy hablamos de
CLONACIÓN como reproducción exacta de segmentos de ADN o genes mediante su
inserción en microorganismos. También obtención de indivíduos geneticamente
idênticos a otros por técnicas de reproducción asexual en laboratorio. La reprodución clónica está basada em uma
relación totalmente asexual configurándose como uma de lãs más claras
manifestaciones de lo que se viene llamando “manipulación genética”. Podemos
defirla como el proceso mediante el cual, sin la unión de dos células sexuales,
y a partir de la implantación del núcleo de uma célula com uma dotación
cromosómica completa em um óvulo, al que previamente lê ha sido extraído la
célula dotada de la totalidad de cromossomas”.
[4] PEREIRA, op.cit., p. 19-29.
[5] DINIZ, Maria Helena. O Estado atual do Biodireito. 2. ed. São
Paulo: Editora Saraiva, 2002. 441 p.
fala acerca da clonagem de Polly: “A técnica de clonagem de Polly permite o uso
de animais transgênicos não só na medicina, possibilitando a produção de pele
para tratamento de queimaduras; de neurônios para recuperação da capacidade
mental dos que sofrem do mal de Alzheimer; de órgãos para transplante em seres
humanos, obtidos de clones de porcos; de válvulas para o corpo humano, mediante
a inserção de gene de colágeno humano em ovelha, para que produza aquelas
válvulas, que não seriam, assim, rejeitadas pelo corpo humano; de proteínas e
anticorpos do plasma sangüíneo para transfusão de sangue sem risco de
contaminação com vírus como o da hepatite, por exemplo; também na veterinária,
pois poderá evitar a extinção de animais suscetíveis a viroses, uma vez que
genes produtores de anticorpos podem ser neles injetados, fazendo com que os
produzam, combatendo as viroses. Já houve até quem sugerisse a criação de
clones acéfalos, como os embriões de rã sem cabeça produzidos em 1997, no Reino
Unido, para retirada de órgãos a serem transplantados”.
[6] Ibidem,
em nota coloca acerca de animais clonados: “Robl, da Universidade de
Massachussetts, e Stice, da Advanced Cell Technology, criaram George e Charlie,
dois bezerros clonados, que constituem o primeiro passo para clonar vacas
produtoras de leite, com efeito, medicinais, a ser utilizado em remédios. A Alemanha ,
em 1998, conseguiu seu primeiro animal clonado: a bezerra Ushi. Em Wisconsin
(EUA), o bezerro Gene foi clonado a partir de um embrião de 30 dias. Millie,
Christa, Aléxis, Carrel e Dotcom são os primeiros leitõezinhos clonados, vieram
ao mundo em 2000. Tal tecnologia poderá permitir a criação de células para
serem congeladas e, ulteriormente, usadas na produção de animais idênticos. O
primeiro animal clonado de célula embrionária, no Brasil, foi a bezerra
Vitória, da raça Simental, que nasceu em 17 de março de 2001, na Fazendo
Sucupira, da Embrapa. E, em 27 de abril de 2002, nasce, na Fazenda Panorama
(Campinas), Marcolino, um bezerro, o primeiro clone de célula somática de feto.
No dia 11 de julho , em Jaboticabal (S. Paulo), nasceu no Hospital Veterinário
da UNESP a bezerra Penta, o primeiro clone brasileiro gerado a partir de
células de um animal adulto (vaca da raça Nelore). No Texas, em 2002, tivemos a
gatinha Cc (Copycat), primeiro animal de estimação clonado. O nascimento de Cc
foi quase um acidente: dos 188 óvulos resultaram 87 embriões clonados,
transferidos para oito mães de aluguel; apenas Cc vingou. A gata é, de fato, um
clone, mas a pelugem não é igual à de Rainbow, sua mãe genética. Isso ocorre
porque a pigmentação de animais é determinada também por fatores de
desenvolvimento da placenta”.
[7] PEREIRA, op.cit., p. 35-38.
[8] DINIZ, op. cit., p. 442 coloca acerca da clonagem humana: “A clonagem em
humanos constitui um processo de reprodução assexuada de um ser humano, e a
clonagem radical seria o processo de clonagem de um ser humano a partir de uma
célula, ou de um conjunto de células, geneticamente manipuladas ou não. É
preciso, portanto, distinguir, em caso de aplicação de técnicas de clonagem em
seres humanos, a reprodutiva,
utilizada na fertilização in vitro
para obtenção de clones, da não
reprodutiva, realizada para fins terapêuticos, com o escopo de produzir o
cultivo de tecidos ou órgãos, partindo de embriões ou das células stem, que são células imaturas com
capacidade de auto-regeneração e diferenciação, para reparação de tecidos e
órgãos danificados”.
[9] PEREIRA, op.cit., p. 61.
[10]GONÇALVES, Suzana Valéria Galhera. Aspectos Jurídicos da Clonagem Humana
Terapêutica sob o prisma dos Direitos da Personalidade. 2003. Dissertação (Mestrado)-Mestrado
em Direito Civil ,
Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2003. 50 p.
[11] VIEIRA, Tereza Rodrigues. Bioética e direito, apud DINIZ, op. cit, p. 443.
[12] Ibidem,
expressa acerca da clonagem terapêutica: “A não reprodutiva poderia ser
admitida desde que não se empreguem embriões pré-implantatórios. É possível o
cultivo de tecidos partindo de células presentes nos órgãos do próprio paciente
para, numa terapia para vítimas de acidentes ou doenças, eliminar a rejeição. Por
exemplo, em Boston, no início de janeiro de 2000, houve a produção de próteses
naturais de seios, mediante a multiplicação, em laboratório, de células
extraídas do próprio corpo da mulher, que foram colocadas sobre um molde de
plástico em formato de seio, onde se dividiram até cobri-lo”.
[13] Cabe lembrar que os relatos mais
recentes denotam que as experiências a partir de embriões humanos começaram com
dois trabalhos, publicados em 1998 pelas equipes dos cientistas
norte-americanos J. Thompson e J. Gearhart, ou seja, muito recente para se ter
resultados satisfatórios e que para se conseguir chegar a Dolly, foram usadas
centenas de óvulos de ovelhas que criaram diversos embriões, nascendo apenas
ela com vida o que gera ainda outros problemas já que uma mulher produz apenas
400 óvulos em toda sua vida fértil, podendo haver, portanto, escassez de
material e grande trabalho e custo para sua obtenção, o que faz com que as
empresas Stem Cells Sciences e Bio Transplant analisem a possibilidade da
utilização de óvulos de animais, principalmente porcos os quais são
filogeneticamente próximos aos humanos em substituição a outros.
[14] PEREIRA, op.cit., p. 65-78.
[15] DINIZ, op. cit., p. 444-447.
[16] DINIZ, op. cit., p. 445.
[17]BBC Brasil, Cientistas anunciam clonagem de 30 embriões humanos, Disponível: http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2004/02/printable/040212_clonergmla.sh...>
Acesso em: 12 fev. 2004.
[18] BBC Brasil, Células-tronco podem ser usadas em implantes, Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2004/02/printable/040212_clonergmla.sh...>.
Acesso em: 12 fev. 2004.
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