sexta-feira, 5 de abril de 2013

DA CLONAGEM A CLONAGEM TERAPÊUTICA - ASPECTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS E AS DISCUSSÕES LEVANTADAS PELA SOCIEDADE SOBRE A MATÉRIA


DA CLONAGEM A CLONAGEM TERAPÊUTICA - ASPECTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS E AS DISCUSSÕES LEVANTADAS PELA SOCIEDADE SOBRE A MATÉRIA

Juliana Rui F. dos Reis Gonçalves

RESUMO
O objetivo do trabalho desenvolvido é promover uma discussão acerca da clonagem e, mais especificamente da clonagem terapêutica, localizando primeiramente aquela dentro de seus aspectos conceituais e técnicos, demonstrando sinteticamente desde as descobertas iniciais até os dias atuais as formas de sua realização, chegando finalmente à clonagem terapêutica, a qual tem sido tema de vários debates nos meios sociais e científicos acerca de sua possibilidade e eticidade. Demonstrando as possibilidades e formas de se realizar a clonagem terapêutica passar-se-á a casos reais práticos, novas descobertas dos cientistas sobre este tipo de clonagem e as possíveis melhorias que eles causariam a sociedade como um todo. Sem querer se aprofundar, o presente estudo tem apenas o condão de apresentar o assunto de forma sucinta, levantando as questões que vem surgindo acerca da matéria com as evoluções que a ciência vem sofrendo, sem, no entanto, buscar respondê-las, ressaltando-se apenas as necessidades de se continuar levando a discussão essa matéria, já que somente após esta ser realizada pelos vários segmentos envolvidos, poderemos chegar as conclusões necessárias acerca do tema com vistas à regulamentação.

Palavras chaves: Clonagem - implicações biológicas - clonagem terapêutica - células-tronco - possibilidades de aplicação prática - necessidade de discussão.

SUMÁRIO
1 - Introdução; 2 - Clonagem: conceito e implicações biológicas; 3 - Do início da Clonagem até os dias atuais - as formas de realização; 4 - Clonagem terapêutica e as células-tronco; 5 - Casos práticos acerca da Clonagem; 6 - Considerações finais; 7- Referências.

                  1 Introdução
                  Desde que se iniciaram as discussões acerca da clonagem, nos deparamos com as mais diversas situações tendo em vista que essa abrange várias possibilidades, mas, no entanto, o que inicialmente nos vem à mente são pessoas iguais em seus aspectos físicos, já que a clonagem, de forma simplista, nada mais é do que se fazer à cópia de algo a partir de uma matriz. Lembramo-nos, ainda, da ovelha Dolly, primeiro clone que efetivamente conseguiu obter êxito e nos apavoramos com a ideia do que se pode fazer com essa técnica em relação a situações como, por exemplo, a eugenia (ideal de raça pura tão idealizado na época do nazismo) e da real possibilidade de se criar alguém a partir de outro indivíduo sendo uma cópia deste.
             Estas idéias, as quais até alguns anos atrás pareciam somente existir na ficção científica dos filmes americanos, hoje são totalmente possíveis e, a cada dia, tornam-se mais fáceis e, em alguns aspectos mais aceitáveis e com menores custos, o que aumenta em muito a possibilidade de se tornarem realidade como situação normal e palpável a todos dentro de algum tempo. Mas o que isso teria de interessante? No tocante a simplesmente fazer uma cópia de alguém, independentemente dos motivos para tal realização, tem-se entendimento no sentido de não ser essa uma situação que seja confortável ou benéfica à sociedade como um todo, mas no tocante aos outros aspectos que com a clonagem se possa alcançar, como a cura de doenças, a facilitação dos transplantes de órgãos, a criação de animais com características peculiares que auxiliem os seres humanos em suas necessidades especiais entre outros tantos existentes e que estão por vir, cabe a sociedade em geral e, em especial a comunidade científica e jurídica discutir quais são os reais avanços e benefícios que essa biotecnologia trará e quais os mecanismos necessários que deverão ser criados ou modificados a fim de se estabelecer quais as metas a serem atingidas com essa descoberta, sempre em concordância com os princípios elencados na Constituição Federal de 1988.   

                 2 Clonagem: conceito e implicações biológicas
               De origem grega, a palavra clone deriva do grego klón, klonós que é o mesmo que broto, rebento, pequeno ramo, mas cientificamente este termo tem o sentido de cópia, geneticamente idêntica de um ser a partir de outro. Clonar alguém, portanto, significa fazer uma cópia exata, idêntica de outro indivíduo, mediante a reprodução do seu genoma contido dentro do núcleo da célula. Aquele (genoma), na forma reprodutiva normal ou sexuada, se forma com a junção do espermatozóide com o óvulo, ou seja, quando os genes contidos nas células germinativas do homem (espermatozóide) se unem aos genes das células germinativas da mulher (óvulo), contendo cada uma a metade da “receita”[1] as quais se fundem formando assim um genoma inédito que conterá todas as instruções para determinar como será o novo indivíduo criado. Em seres humanos, o genoma chega a ter aproximadamente 30 mil genes os quais determinarão desde a cor dos cabelos e olhos até o tamanho de órgãos. Os genes são compostos pelo DNA que possui quatro letras A, C, G e T, sendo que cada instrução dele é um conjunto de milhares dessas letras, que vem parte da mãe (óvulo) e parte do pai (espermatozóide), criando um indivíduo único, diferente de todos os outros, o que é contrário à clonagem que gera uma cópia idêntica de sua matriz.
 Da primeira célula até se chegar a um ser humano há várias divisões celulares, dividindo-se primeiramente em duas, que novamente se dividem em mais duas até se fazer um amontoado de células, trilhões delas, que conterão em seu núcleo o genoma completo do indivíduo, bastando o conteúdo de uma destas para fazer o clone. Mas as células do corpo não são todas idênticas a original, posto que na multiplicação vão se diferenciando para chegar a sua forma e função (200 tipos diferentes no organismo humano), e isso se dá pela diferenciação, que no início divide as células do embrião em três grupos, que a cada divisão vão se especializando cada vez mais formando uma parte do indivíduo. Isso tudo é muito organizado e é regido pelo genoma que faz com que, apesar de a célula ter em si o genoma completo, só parte dele trabalhe para desenvolver certa parte específica do ser humano.[2]
            No clone, isso não ocorre da mesma forma, posto que este se forma por multiplicação assexuada, o que quer dizer que não há a junção de células germinativas, ocorrendo aquela através da cópia do genoma de células somáticas que originará um indivíduo idêntico ao que cedeu o genoma.[3]

            3 - Do início da Clonagem até os dias atuais - as formas de realização; 
A ideia de clonagem data do final do século XIX, quando se demonstrou que todas as células de um ser vivo contêm seus genomas completos, iniciando-se no século XX, técnicas para cultivar células de animais em laboratório. Apesar de parecer simples à idéia de clonagem (apenas retirar o genoma e reproduzi-lo), isto não é assim, posto que para uma célula qualquer dar origem a um organismo aquela primeira célula que originou o indivíduo deverá se dividir e diferenciar organizadamente a partir de algo inicialmente despreparado para essa tarefa, o que é fácil ser feito em plantas, mas difícil no tocante a animais.
 Inicialmente imaginou-se retirar o núcleo de um óvulo fecundado e substituí-lo pelo núcleo de uma célula qualquer do indivíduo a ser clonado, contendo seu genoma completo, e buscava-se com isso que o núcleo desse óvulo passasse a agir como de um óvulo fecundado. Dessa forma, durante o desenvolvimento do embrião o genoma contido no núcleo transferido seria seguido, gerando um ser geneticamente idêntico àquele do qual foi retirada a célula. Isso inicialmente foi realizado com sapos na década de 1950, que no começo não passaram de girinos, mas na década de 1960 conseguiu-se clonar sapos que chegaram à fase adulta.
Depois se criou à forma de clonagem a partir da bipartição de embriões, que se faz em um microscópio aonde um embrião de oito células é mecanicamente dividido ao meio por uma lamina finíssima, sendo posteriormente cada uma dos meio embriões transferidos cada um para uma barriga de aluguel, podendo ser feito mais uma vez essa divisão em cada meio embrião para transferir depois. Dessa forma, a partir de um óvulo e um espermatozóide podem ser gerados até quatro indivíduos idênticos. Essa é a sistemática da natureza quando nascem gêmeos univitelinos, só que nesse tipo de clonagem não se sabe quais as características que o animal adulto desenvolverá e, por isso não é o método de clonagem que se estava buscando.
 Em 1997 o cientista Ian Wilmut anunciou a geração do primeiro animal clonado a partir de células de um animal adulto, a ovelha Dolly, sendo gerada pelo método de transferência nuclear, mas com pequenas modificações que fizera o experimento funcionar em animais. Isso foi realizado através da célula da mama de uma ovelha de seis anos que foi fundida a um óvulo de outra ovelha, cujo núcleo, contendo seu genoma, havia sido eliminado tendo sido utilizado um choque elétrico para fundir aquela célula ao óvulo vazio, simulando a fecundação e induzindo esse óvulo a iniciar o desenvolvimento por divisão. Posteriormente essa célula foi colocada em uma barriga de aluguel que deu a luz a Dolly, ser geneticamente idêntico àquela ovelha que doou a célula da mama. Antes ainda de ser introduzida na barriga de aluguel, a célula da mama clonada sofreu um tratamento que fez com que fossem reduzidas as reações químicas ocorridas dentro das células, ficando parecido com o metabolismo da primeira célula resultante da união do óvulo com o espermatozóide, reproduzindo-se mais fielmente as condições naturais pós-fertilização.  Mas para realizar Dolly foram feitas mais de quatrocentas transferências nucleares e, destas, apenas 29 embriões sobreviveram e foram transferidos para barriga de aluguel, sendo que destes todos apenas Dolly nasceu.
           Após, foi realizado na ovelha Dolly um teste de paternidade a fim de se comprovar sua identidade, sendo ela seguida pela clonagem de camundongos em 1998, a qual é muito importante frente à rapidez com que eles se desenvolvem e o baixo custo de sua manutenção, a fim de se analisar os resultados da clonagem. Nos camundongos, apenas o núcleo da célula foi fundido num óvulo vazio, a partir da célula do cúmulus que envolvem os óvulos quando estes são liberados dos ovários. Posteriormente aos camundongos, cientistas japoneses apresentaram oito bezerros geneticamente idênticos, clonados a partir de células do cúmulos de vacas. Desde então, já foram gerados clones de cabras, porcos e macacos. Só que ainda assim para gerar um único clone são necessárias diversas tentativas que se mostram, quase que na totalidade, infrutíferas, o que torna a clonagem financeiramente inviável.[4]
Há ainda a situação dos clones transgênicos, que seriam criados com determinadas funções a partir da introdução de outro gene dentro da cadeia do genoma do animal clonado, o que faria com que esse animal tivesse uma certa potencialidade no seu organismo (ex: vaca que produziria leite com insulina). Foi então criada pelo mesmo laboratório da Dolly, a ovelha Polly[5] que por ser geneticamente modificada produz em seu leite a substância IX de coagulação que é vital para indivíduos com hemofilia. Hoje se busca muito a clonagem transgênica em porcos a fim de se conseguir que estes possam ser usados para transplante de órgãos para seres humanos.[6]
  E, por fim, há grande preocupação com a clonagem para reposição de animais em extinção ou extintos, com o qual se busca proteger o meio ambiente.[7]
             
               4 - Clonagem terapêutica e as células-tronco


               Embora de extrema importância para a ciência e a sociedade em geral, a clonagem de animais não traz grandes problemas, a não ser pelas possibilidades que ela abre acerca de outro ser, ou seja, a maior preocupação que existe acerca da clonagem é no tocante a seres humanos[8], sendo a maioria dos pesquisadores aparentemente, por enquanto, contrários a esse tipo de clonagem realizada de forma reprodutiva, o que não irá se abordar, mas a favor daquela que se chama de “Clonagem Terapêutica". Mas o que vem a ser esse tipo de clonagem?
            A Clonagem Terapêutica vem a ser a clonagem realizada a fim da busca da cura de doenças até hoje impossíveis ou de extrema dificuldade de cura como as doenças degenerativas, ou a leucemia, ou várias outras doenças que tem levado a óbito inúmeras pessoas ou permitido a continuidade da vida sem que esta possa ser vivida na sua forma mais plena, ou seja, com uma qualidade satisfatória e preterida a qualquer ser humano.
          A ideia de clonagem para fins terapêuticos como meio de cura para as mais diferentes doenças tem atraído tanto a comunidade científica, quanto diversos segmentos da sociedade a qual tem se manifestado na forma de associações criadas a fim de lutar pela liberação das pesquisas com as células-tronco e, as estes todos também o evento Dolly teve grande significado, posto que através dela e da clonagem de outros animais poderá se estudar o processo de diferenciação celular, ou seja, o que leva as células com o mesmo material genético a decidir algumas a virar tecido muscular, outras, tecido nervoso etc. Portando, se os cientistas conseguirem entender e dominar esse processo de diferenciação das células, fazendo essa reprogramação da identidade celular, poderão conseguir regenerar órgãos e tecidos humanos danificados, descobrindo assim, a cura de muitas patologias.
       Acerca mais especificamente das células-tronco, estas têm uma capacidade de se dividir em células idênticas a ela ou em diferentes tipos de células, sendo que, por isso, a primeira célula do embrião é vista como uma supercélula-tronco que dará formação a todas as outras células. Dentro das células-tronco, uma classe considerada especial é a das células-tronco embrionárias, isoladas inicialmente em camundongos na década de 1980. Elas são derivadas de um embrião nos estágios iniciais do desenvolvimento, antes de ser implantado no útero materno, quando ele é ainda apenas um conglomerado de aproximadamente 200 células chamados de blastocisto, o qual se dividem em dois grupos que dão origem a placenta e ao embrião que se desenvolverá e formará todos os outros tipos de células. O interesse nelas surgiu porque com a manipulação dessas células em laboratório, elas podem ser multiplicadas sem perder sua capacidade de se diferenciar em qualquer tipo de célula, podendo até mesmo ser alterado o meio de cultivo dessa célula de forma que elas comecem a se diferenciar mais especificamente, iniciando o processo de desenvolvimento de certas partes do corpo humano em laboratório (ex: se tratamos as CTs embrionárias com ácido retinóico, temos a formação de neurônios). Através da pesquisa realizada nestas, poderia se conseguir a cura de diversas doenças, mediante o transplante da parte deficitária do indivíduo e a colocação de células-tronco embrionárias modificadas no local danificado. Só que mesmo isto teria problemas no tocante a rejeição que poderia haver por parte do organismo do indivíduo transplantado, o que poderia ser evitado se clonássemos uma célula do indivíduo a sofrer o transplante e essa fosse induzida em laboratório a se diferenciar em um tipo celular correspondente a necessidade do paciente.[9]
     Segundo Suzana Valéria Galhera Gonçalves, “a célula-tronco é uma célula ‘sem personalidade’, que adota a personalidade da célula onde ela for alojada. Por exemplo, se colocada uma célula-tronco, próxima de neurônios, estas se converterão em neurônios, e assim por diante”.[10]
             Acerca da matéria, Tereza R. Vieira assevera que

“A clonagem terapêutica visa a obtenção de célula-tronco, retirada de sangue fetal ou de células de paciente adulto, para tratamento de doenças (mal de Parkinson, diabetes, cirrose, mal de Chagas etc.), mediante a produção de tecidos e músculos. É admitida em alguns países como: Inglaterra, Israel e China”.[11] 

A polêmica gerada em relação à terapia com células-tronco embrionárias é a de que para se extraí-la do embrião, esse terá que ser destruído, o que causa contrariedade naqueles que entendem que um ser é vivo desde a concepção, seja in vitro, proveta ou normal a forma de concebê-lo.[12] Para os que defendem essa técnica, as melhorias na qualidade de vida da humanidade em geral seriam tantas que valeria a pena a continuidade das pesquisas[13] e, também, entendem eles que nesta fase o embrião nada mais é que um conglomerado amorfo de células para no qual ainda não se entende que exista realmente vida, pois esta só começaria quando implantado no útero materno.
           Mas as células-tronco não existem apenas nos embriões, mas em diversos tecidos do corpo humano e são chamadas de CT adultas, sendo as mais conhecidas as CTs hematopoiéticas contidas na medula óssea e no sangue do cordão umbilical e placenta dos recém nascidos, os quais dão origem a todos os tipos de células do sangue. As células-tronco hematopoiéticas contidas no sangue do cordão umbilical de recém nascidos, por serem células imaturas, são as CTs que causam menos reação imunológica apresentando menor risco de rejeição nos transplantes, podendo até mesmo ser retirado e congelado a fim de ser estocado em bancos de sangue de cordão umbilical que servirão como fonte de doação para transplantes de medula óssea. Descobriu-se que essas células são reprogramáveis, podendo se regenerar em diferentes tecidos (ex: já existem diversos testes clínicos em seres humanos de terapias reparadoras de enfarto utilizando-se CTs de diferentes tecidos, sendo que os primeiros resultados obtidos mostram que essas células são capazes de se diferenciar em células do músculo cardíaco, regenerando parcialmente esse músculo em um coração enfartado). Ocorre que as CTs adultas não são tão facilmente encontradas como as embrionárias (acredita-se que uma em cada um milhão de células da medula óssea tenha de fato um grande potencial de diferenciação em diversos tipos celulares) e, ainda, as embrionárias podem se transformar em qualquer célula enquanto que as adultas perdem a capacidade de se dividir e de se diferenciar, não havendo nem mesmo certeza se poderá se transformar em vários tipos de célula, o que pode acabar limitando o seu uso como fonte de tecido para transplante.[14] 
           De forma simplificada, as técnicas de clonagem reprodutiva[15] poderão ser resumidas nas seguintes opções:
a)    Bipartição de embriões ou fissão gamelar – esta se faz através da imitação de um processo natural de clonação espontâneo, a qual dá origem aos gêmeos univitelinos e se faz quando um embrião de poucas células se divide dando origem a dois zigotos dos quais surgirão dois indivíduos idênticos, sendo que este tipo de clonagem poderá ser realizada em laboratório através da fertilização in vitro, mediante a separação forçada pelo geneticista das duas células embrionárias iniciais (blástula). Esta técnica foi realizada várias vezes com animais, sendo noticiada sua realização em humanos no Congresso da Sociedade Americana de Fertilização realizada em Montreal, tendo como precursor Martine Nijs, o qual buscava uma terapia para aumentar a eficiência da fertilização e acabou gerando gêmeos que foram destruídos na fase de formação de 32 células;
b) Partenogênese induzida – a qual consiste em colocar o núcleo de uma espermatogônia (célula precursora do espermatozóide que contém 23 cromossomos) a qual é detentora de 46 cromossomos, dentro de um óvulo humano desnucleado, sendo esta técnica a partenogênese em sentido amplo, posto que em sentido estrito ocorre quando um óvulo é estimulado por meios químicos ou físicos para gerar um indivíduo sem a fecundação de um gameta masculino gerando uma descendência idêntica à doadora do óvulo e, em regra, feminina, posto que não há um contato com o gameta que poderia gerar descendência de outro sexo. Esta última é comum em animais invertebrados;
c) Transferência de Núcleo – a partir de uma célula ovo ou zigoto, faria-se a substituição de seu núcleo pelo de uma célula somática tirada de um embrião, o que geraria um indivíduo com caracteres genotípicos daquele que doou o núcleo ou, ainda, mediante a inserção em um óvulo não fecundado, como ocorreu na realização da Dolly, gerando, então, a extração do núcleo de uma célula com a implantação no óvulo previamente enucleado, um indivíduo geneticamente idêntico ao doador do núcleo celular.
A professora Maria Helena Diniz[16] assevera acerca deste último tipo de clonagem:

          “A clonação humana por transferência de núcleos ou para produção de células de reserva constitui uma grave violação ao princípio de que o homem deve ser considerado como um fim em si mesmo, e não como um meio, ao seu direito de não ser programado geneticamente, pois a ativação do ADN da célula somática a ser transferida ao óvulo enucleado é precedida de manipulação, e ao de ser geneticamente único e irrepetível. Além disso, suas conseqüências são imprevisíveis e poderão manifestar-se muitos anos depois do nascimento do clone, trazendo, ainda, o desconhecimento da idade genética real da pessoa obtida por transferência de núcleos; poderão surgir problemas, entre outros, de envelhecimento genético devido à acumulação de mutações no ADN, produzidas pela manipulação.
        Convém lembrar aqui, antes do prosseguirmos em nossas reflexões, que a OMS considera o uso da clonagem para a replicação de pessoa eticamente inaceitável, por constituir violação a alguns princípios norteadores da reprodução assistida, como o do respeito à dignidade humana, em termos de identidade genética. Até mesmo a criação de vida humana, ou de clones humanos, com o único propósito de preparar material terapêutico violaria claramente a dignidade da vida produzida, pois o princípio apontado por Immanuel Kant – o da dignidade humana – requer que uma pessoa jamais deva ser pensada como meio e sim somente como fim”.

Entende-se, portanto, que infindáveis são as descobertas e as conclusões que os pesquisadores poderão ainda chegar acerca da clonagem terapêutica, já que, como se sabe, esta é passível de ocorrer tanto a partir das células-tronco encontrada nos embriões como a partir daquelas encontradas em indivíduos adultos.

5 - Casos práticos acerca da Clonagem
Acerca das descobertas, na data de 12 de fevereiro de 2004, cientistas da Coréia do Sul anunciaram ter conseguido clonar trinta embriões humanos para obtenção de células-tronco, as quais, eles esperam, possam um dia serem utilizadas para tratar doenças.
A notícia foi assim colocada no site da BBC Brasil [17]:

“O cientista Woo Suk Hwang e seus colegas da Universidade Nacional de Seul combinaram material genético de células normais de doadoras com seus óvulos. Os embriões resultantes cresceram para produzir as chamadas células-tronco, que podem se transformar em qualquer tipo de tecido do corpo humano.
O objetivo é usar as células para substituir aquelas que falharam em pacientes com doenças como o mal de Alzheimer.
É a primeira vez que um grupo de pesquisadores revelou ter produzido tantos clones em estágio inicial ou comunicou ter conseguido progresso até estágio tão avançado. Outros cientistas alegaram anteriormente ter clonado embriões humanos para estudar as chamadas células-tronco, mas a maior parte destes estudos foi contestada.
Genoma
‘Como essas células carregam o genoma nuclear do indivíduo, depois da diferenciação é de se esperar que elas possam ser transplantadas sem rejeição para tratamento de doenças degenerativas’, disse o professor Hwang.
‘Nossa experiência abre a porta para o uso dessas células desenvolvidas na medicina de transplante’. (...)
O trabalho dos cientistas sul-coreanos foi submetido a rigoroso exame por cientistas independentes antes de ser publicado no jornal. ‘Esses são os embriões clonados mais avançados que já foram produzidos’, disse o professor Hwang à BBC.
A equipe diz ter buscado aprovação para seu trabalho da diretoria de ética e ter obtido uma permissão das doadoras antes de seguir com sua pesquisa.
Processo
A equipe contou ao Science Express como utilizou 242 óvulos de 16 mulheres em sua experiência.
Em cada caso, o material foi transferido do núcleo de uma célula não-reprodutiva (somática), contendo o código genético da mulher, para um óvulo sem núcleo da mesma doadora.
No total, 30 embriões – cópias genéticas exatas das doadoras – foram, então, colocados em cultura até o estágio de blástula, no qual podem ser extraídas células-tronco.
Essas células especiais se dividem em três dos principais tecidos encontrados no corpo humano, segundo o estudo.
As células foram transplantadas em camundongos para constatar se poderiam se desenvolver em tipos de células ainda específicos, oferecendo provas adicionais de suas ‘pluripotência’.
A intenção declarada da pesquisa é estudar células-tronco de embriões humanos para ver como elas podem ser usadas como instrumento terapêutico para tratar doenças como diabete, osteoartrite, mal de Parkinson, entre outras. Em todas essas doenças, os tecidos do corpo humano começaram a falhar.
Ética
‘O potencial para as células-tronco é enorme, mas os pesquisadores ainda precisam superar obstáculos científicos significativos’, disse Donald Kennedy, editor-chefe do jornal Science.
 ‘Esses resultados parecem promissores. Mas é importante lembrar que o transplante de célula e tecido e a terapia genética ainda são tecnologias em desenvolvimento, e pode se levar anos até que células-tronco de embriões possam ser usadas na medicina de transplantes’.
Ao se referir às preocupações éticas, Kennedy fez um apelo pela proibição mundial do uso dessa tecnologia para criar crianças.
O professor Hwang, que desenvolveu sua técnica na clonagem de animais, disse que qualquer tentativa de produzir um bebê seria ‘maluca’. ‘Nunca tentaremos produzir seres humanos clonados’, disse.
‘No processo de clonagem de animais, passamos por tantas dificuldades e perigos com deformidades, especialmente de órgãos internos’.
Segundo Roger Pedersen, professor de medicina regenerativa da Universidade de Cambridge, ‘a pesquisa avançou substancialmente no processo de geração de tecidos transplantáveis que têm a combinação perfeita com o sistema imunológico do paciente’.
‘Os resultados encontrados por esses pesquisadores também tornam possível aprender como reprogramar o genoma humano até o estágio embrionário’, disse.
‘Isso provavelmente vai acelerar o desenvolvimento de alternativas de reprogramação de células humanas, o que poderia, no futuro, diminuir a necessidade de usar óvulos humanos para esse fim’”.

Além da novidade acima descrita, cientistas de Tóquio informaram também naquela data a possibilidade do uso das células-tronco com partículas de gordura para fazer uma prótese de seios natural, para aquelas mulheres que perderam seu seio por causa de uma mastectomia necessária, em vários casos, quando há um câncer de mama, a qual tem grandes possibilidades de maior aceitação pelo organismo do que as próteses de silicone que hoje são utilizadas as quais tem que ser removidas de tempos em tempos. Estes cientistas utilizaram nessa experiência as células-tronco encontradas na medula óssea e em outras partes do organismo humano e crêem que com estas, misturadas a gordura da própria pessoa transplantada, poderá se criar uma prótese natural a qual se adaptará ao organismo naturalmente, posto que as células-tronco transplantadas provocariam o surgimento de novos vasos sanguíneos para alimentação dos tecidos, produzindo novas células de gordura, o que resultaria em grandes possibilidades de aceitação pelo organismo da transplantada, sem maiores riscos para sua saúde. Os cientistas japoneses afirmaram já ter realizado uma cirurgia-teste no mês de janeiro de 2004, e esperam realizar outras em breve a fim de testar a nova biotecnologia.[18]

6 - Considerações finais
Verifica-se então que a terapia com as células-tronco já é uma realidade paupável que muito ainda terá que evoluir para se chegar cada dia mais a resultados promissores e seguros, mas que existe e faz parte do dia a dia da sociedade, posto que todos conhecemos alguém ou participamos daqueles que poderão se beneficiar com esta terapia, mas, e em ciência sempre encontramos um mas, porque nela, já diziam os filósofos, nada é tão certo ou tão verdadeiro que possa ser afirmado com certeza absoluta, ainda há muito a ser discutido e pensado, posto que muitas são as questões que necessitam de amadurecimento e de maiores pesquisas antes de ser colocado como benéfico ou necessário a humanidade.
 Como fora dito, apesar dos inúmeros benefícios que a clonagem terapêutica poderia trazer a toda a coletividade, esta traz alguns aspectos os quais deverão ser discutidos tanto por pesquisadores como por juristas, ante o fato de que envolvem situações que ainda não foram suficientemente debatidas a fim de se chegar a um consenso que possam dar as diretrizes aos legisladores no momento de tratar acerca da matéria. Nem os cientistas-médicos, nem os cientistas do direito puderam analisar todos os nuances de que tratam o tema tão polêmico, já que este está inserido dentro daquilo que é mais caro ao ser humano, ou seja, a vida, especialmente quando esta é vista sob o enfoque da sadia qualidade que a Constituição e diversos segmentos internacionais asseguram a todos. Difícil saber o que é mais caro, posto que a vida é o nosso bem mais importante, mais hoje não se pode mais conceber que esta seja vivida sem ser com qualidade, da forma que melhor isso puder ser apresentado e na sua capacidade plena, assim como nos é assegurado já que a todos se resguardam a vida e a dignidade como princípios norteadores de todo o regimento social.
Isto posto, entende-se necessário tanto o debate por toda a sociedade, como aquele mais em nível científico das tantas áreas envolvidas, a fim de se buscar as soluções necessárias as polêmicas surgidas, já que só assim poder-se-á avançar com a segurança de se estar fazendo o que é mais correto e ético acerca da clonagem terapêutica e quaisquer outras situações que ao Biodireito possam interessar.

           7- Referências.

BBC Brasil, Células-tronco podem ser usadas em implantes. Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2004/02/printable/040212_clonergmla.sh...  >Acesso em: 12 fev. 2004.

BBC Brasil, Cientistas anunciam clonagem de 30 embriões humanos. Disponívelem:http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2004/02/printable/040212_clonergmla.sh...   >Acesso em: 12 fev. 2004.

CARNEIRO, Maria Francisca. Pesquisa Jurídica – Metodologia da Aprendizagem. Curitiba: Juruá, 1999.

CRUZ, Anamaria da Costa; CURTY, Marlene Gonçalvez; MENDES, Maria Tereza Reis. Apresentação de Trabalhos Acadêmicos, Dissertações e Teses: NBR 14724/2002. Maringá: Dental Press, 2003.

DÍAZ-FLORES, Mercedes Alberruche. La Clonación y Selección de Sexo – Derecho Genético?. Madrid: Centro Universitário Ramon Carande – Dykinson, 1998.

DINIZ, Maria Helena. O Estado atual do Biodireito. 2. ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2002.

GONÇALVES, Suzana Valéria Galhera. Aspectos Jurídicos da Clonagem Humana Terapêutica sob o prisma dos Direitos da Personalidade. 2003. Dissertação (Mestrado) - Mestrado em Direito Civil, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2003.

PEREIRA, Lygia da Veiga Pereira. Clonagem, fatos e mitos. 1. ed. São Paulo: Ed. Moderna, 2002.

SILVER, Lee M. De volta ao Éden – Engenharia Genética, Clonagem e o futuro das famílias: tradução Dinah de Abreu Azevedo. São Paulo: Mercuryo, 2001.




[1] Na descrição da parte biológica do paper, tendo em vista não termos conhecimento técnico que possibilite uma descrição dos conceitos utilizados, usamos como base central de nosso texto a obra da Prof. Lygia da Universidade de São Paulo:
PEREIRA, Lygia da Veiga Pereira. Clonagem, fatos e mitos. 1. ed. São Paulo: Ed. Moderna, 2002. Refere-se na obra citada a palavra “receita” como sinônimo de um genoma completo.

[2] SILVER, Lee M. De volta ao Éden – Engenharia Genética, Clonagem e o futuro das famílias: tradução Dinah de Abreu Azevedo, São Paulo: Mercuryo, 2001. 61-63 p. coloca acerca da divisão celular de forma mais específica: “No começo do segundo dia depois da fusão do óvulo e do espermatozóide, o embrião tem duas células. Cada uma dessas células se divide para produzir quatro e cada uma dessas se divide novamente para produzir um total de oito células, lá pela metade do terceiro dia. Embora o embrião tenha aumentado o número de suas células, ele não fez muito mais do que isso. Cada uma de suas oito células, quando separadas das outras, ainda tem o potencial de se tornar um embrião por si mesma e de formar uma vida humana separada. Com outra rodada de divisões celulares, produzindo dezesseis células no total, está iniciando o primeiro passo para fora da uniformidade. O embrião ainda se parece com uma bola, ou melhor, com uma amora microscópica. Mas as células do lado de fora são capazes de sentir sua posição em relação às células do lado de dentro e, em resposta, elas se diferenciam em células que eventualmente se tornarão a placenta e outros tecidos que funcionam para proteger o feto em crescimento. Quando os biólogos usam a palavra diferenciar, eles querem dizer tornar-se diferente. Quando uma célula se diferencia, ela se torna diferente da célula-mãe que lhe deu origem. Normalmente, a diferenciação causa uma redução no potencial de uma célula. Por exemplo: as células orientadas para a placenta, que se formaram como a camada externa do embrião de dezesseis células, só tem o potencial de produzir outras células que se tornarão parte da placenta ou de outros tecidos localizados entre a mulher e seu feto. Estas células perderam o potencial de se transformarem em coração, em pulmão ou em qualquer outro tecido do feto em desenvolvimento. Depois que uma célula se diferencia, todas as células que descendem dela, assim como as descendentes de suas descendentes, também se manterão diferenciadas. Mas essas células ainda podem passar por outras diferenciações, com outras reduções em potencial. Por exemplo: na altura de quatro semanas de idade, um embrião contém células diferenciadas que têm o potencial de produzir apenas células sanguíneas. Com divisões celulares posteriores e diferenciação posterior, aparecem células que têm o potencial de produzir apenas glóbulos brancos ou glóbulos vermelhos, mas não ambos. São necessárias outras rodadas de diferenciação para converter os glóbulos brancos progenitores num tipo específico de glóbulo branco que segrega anticorpos ou outro tipo que engole bactérias invasoras. Neste ponto, depois de dezenas de rodadas de divisão celular, é atingido um estado de diferenciação terminal. Diferenciação e desenvolvimento andam juntos.O desenvolvimento de um organismo como um todo ocorre através da diferenciação de células individuais dentro dele. Células terminalmente diferenciadas podem expressar funções extremamente especializadas, como aquelas descritas acima para glóbulos brancos ou outras, como para produção dos pêlos corporais ou de unhas. A maior parte das células de nosso corpo é terminalmente diferenciada, inclusive todos os componentes microscópicos de órgãos complexos como os pulmões, o coração, os rins ou o cérebro. Mas sempre existirão algumas células, mesmo num adulto maduro, que ficam num estágio anterior de diferenciação. Essas células são chamadas de células-mãe. Elas continuam se dividindo para produzir, por exemplo, uma nova fonte de células de pele, de sangue ou de outros tipos especiais de células que devem ser regeneradas constantemente para você continuar vivo. Os biólogos moleculares têm agora uma compreensão sofisticada do que acontece dentro de uma célula quando ela se diferencia. Na realidade, a coisa mais importante é a que não acontece – uma célula diferenciada não perde nenhuma informação genética. Toda célula somática de seu corpo tem um conjunto completo de quarenta e seis cromossomos com todo o DNA que estava presente nos núcleos do embrião bicelular do qual você surgiu. Ora, se todas as células tem a mesma informação genética, por que elas não se parecem umas com as outras e não agem da mesma forma? A resposta é que cada célula é programada para usar apenas uma pequena parte da informação total para continuar viva e desempenhar as tarefas para as quais ela foi especialmente projetada através da evolução. As células que parecem diferentes umas das outras e se comportam de forma diferente umas das outras – como resultado da diferenciação – foram programadas para usar partes diferentes da mesma informação genética total. E, a cada passo da diferenciação, o programa da célula muda pelo menos um pouco”.

[3] DÍAZ-FLORES, Mercedes Alberruche. La Clonación y Selección de Sexo – Derecho Genético?. Madrid:Centro Universitário Ramon Carande – Dykinson, 1998. 19 p. coloca acerca da clonagem:   “Tal vez debamos comenzar por la etimologia del término clonación para acercarnos al sentido actual. Derivado del griego “KLON”, esqueje, es decir, la reproducción asexual de espécies que se reproducen por unión de células germinales de amvos sexos. Hoy hablamos de CLONACIÓN como reproducción exacta de segmentos de ADN o genes mediante su inserción en microorganismos. También obtención de indivíduos geneticamente idênticos a otros por técnicas de reproducción asexual en laboratorio. La reprodución clónica está basada em uma relación totalmente asexual configurándose como uma de lãs más claras manifestaciones de lo que se viene llamando “manipulación genética”. Podemos defirla como el proceso mediante el cual, sin la unión de dos células sexuales, y a partir de la implantación del núcleo de uma célula com uma dotación cromosómica completa em um óvulo, al que previamente lê ha sido extraído la célula dotada de la totalidad de cromossomas”.
    
[4] PEREIRA, op.cit., p. 19-29.

[5] DINIZ, Maria Helena. O Estado atual do Biodireito. 2. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2002.  441 p. fala acerca da clonagem de Polly: “A técnica de clonagem de Polly permite o uso de animais transgênicos não só na medicina, possibilitando a produção de pele para tratamento de queimaduras; de neurônios para recuperação da capacidade mental dos que sofrem do mal de Alzheimer; de órgãos para transplante em seres humanos, obtidos de clones de porcos; de válvulas para o corpo humano, mediante a inserção de gene de colágeno humano em ovelha, para que produza aquelas válvulas, que não seriam, assim, rejeitadas pelo corpo humano; de proteínas e anticorpos do plasma sangüíneo para transfusão de sangue sem risco de contaminação com vírus como o da hepatite, por exemplo; também na veterinária, pois poderá evitar a extinção de animais suscetíveis a viroses, uma vez que genes produtores de anticorpos podem ser neles injetados, fazendo com que os produzam, combatendo as viroses. Já houve até quem sugerisse a criação de clones acéfalos, como os embriões de rã sem cabeça produzidos em 1997, no Reino Unido, para retirada de órgãos a serem transplantados”.   

[6] Ibidem, em nota coloca acerca de animais clonados: “Robl, da Universidade de Massachussetts, e Stice, da Advanced Cell Technology, criaram George e Charlie, dois bezerros clonados, que constituem o primeiro passo para clonar vacas produtoras de leite, com efeito, medicinais, a ser utilizado em remédios. A Alemanha, em 1998, conseguiu seu primeiro animal clonado: a bezerra Ushi. Em Wisconsin (EUA), o bezerro Gene foi clonado a partir de um embrião de 30 dias. Millie, Christa, Aléxis, Carrel e Dotcom são os primeiros leitõezinhos clonados, vieram ao mundo em 2000. Tal tecnologia poderá permitir a criação de células para serem congeladas e, ulteriormente, usadas na produção de animais idênticos. O primeiro animal clonado de célula embrionária, no Brasil, foi a bezerra Vitória, da raça Simental, que nasceu em 17 de março de 2001, na Fazendo Sucupira, da Embrapa. E, em 27 de abril de 2002, nasce, na Fazenda Panorama (Campinas), Marcolino, um bezerro, o primeiro clone de célula somática de feto. No dia 11 de julho , em Jaboticabal (S. Paulo), nasceu no Hospital Veterinário da UNESP a bezerra Penta, o primeiro clone brasileiro gerado a partir de células de um animal adulto (vaca da raça Nelore). No Texas, em 2002, tivemos a gatinha Cc (Copycat), primeiro animal de estimação clonado. O nascimento de Cc foi quase um acidente: dos 188 óvulos resultaram 87 embriões clonados, transferidos para oito mães de aluguel; apenas Cc vingou. A gata é, de fato, um clone, mas a pelugem não é igual à de Rainbow, sua mãe genética. Isso ocorre porque a pigmentação de animais é determinada também por fatores de desenvolvimento da placenta”.    

[7] PEREIRA, op.cit., p. 35-38.

[8] DINIZ, op. cit., p. 442 coloca acerca da clonagem humana: “A clonagem em humanos constitui um processo de reprodução assexuada de um ser humano, e a clonagem radical seria o processo de clonagem de um ser humano a partir de uma célula, ou de um conjunto de células, geneticamente manipuladas ou não. É preciso, portanto, distinguir, em caso de aplicação de técnicas de clonagem em seres humanos, a reprodutiva, utilizada na fertilização in vitro para obtenção de clones, da não reprodutiva, realizada para fins terapêuticos, com o escopo de produzir o cultivo de tecidos ou órgãos, partindo de embriões ou das células stem, que são células imaturas com capacidade de auto-regeneração e diferenciação, para reparação de tecidos e órgãos danificados”.
 
[9] PEREIRA, op.cit., p. 61.

[10]GONÇALVES, Suzana Valéria Galhera. Aspectos Jurídicos da Clonagem Humana Terapêutica sob o prisma dos Direitos da Personalidade. 2003. Dissertação (Mestrado)-Mestrado em Direito Civil, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2003. 50 p.

[11] VIEIRA, Tereza Rodrigues. Bioética e direito, apud DINIZ, op. cit, p. 443.

[12] Ibidem, expressa acerca da clonagem terapêutica: “A não reprodutiva poderia ser admitida desde que não se empreguem embriões pré-implantatórios. É possível o cultivo de tecidos partindo de células presentes nos órgãos do próprio paciente para, numa terapia para vítimas de acidentes ou doenças, eliminar a rejeição. Por exemplo, em Boston, no início de janeiro de 2000, houve a produção de próteses naturais de seios, mediante a multiplicação, em laboratório, de células extraídas do próprio corpo da mulher, que foram colocadas sobre um molde de plástico em formato de seio, onde se dividiram até cobri-lo”.

[13] Cabe lembrar que os relatos mais recentes denotam que as experiências a partir de embriões humanos começaram com dois trabalhos, publicados em 1998 pelas equipes dos cientistas norte-americanos J. Thompson e J. Gearhart, ou seja, muito recente para se ter resultados satisfatórios e que para se conseguir chegar a Dolly, foram usadas centenas de óvulos de ovelhas que criaram diversos embriões, nascendo apenas ela com vida o que gera ainda outros problemas já que uma mulher produz apenas 400 óvulos em toda sua vida fértil, podendo haver, portanto, escassez de material e grande trabalho e custo para sua obtenção, o que faz com que as empresas Stem Cells Sciences e Bio Transplant analisem a possibilidade da utilização de óvulos de animais, principalmente porcos os quais são filogeneticamente próximos aos humanos em substituição a outros.

[14] PEREIRA, op.cit., p. 65-78.

[15] DINIZ, op. cit., p. 444-447.

[16] DINIZ, op. cit., p. 445.

[17]BBC Brasil, Cientistas anunciam clonagem de 30 embriões humanos, Disponível: http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2004/02/printable/040212_clonergmla.sh...> Acesso em: 12 fev. 2004.

[18] BBC Brasil, Células-tronco podem ser usadas em implantes, Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2004/02/printable/040212_clonergmla.sh...>. Acesso em: 12 fev. 2004.

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